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Austrália. Com os lucros da Waterjars, ajuda para saúde e educação

 
6 novembro 2020   |   , ,
 
Por Maria Gaglione – Publicado em Avvenire no dia 22/02/2020

Economy of Francesco: as histórias – A experiência australiana de Natalia Teguhputri que fundou um movimento a fim de que parte dos lucros da empresa na qual trabalha seja destinada a projetos para comunidades carentes.

Natalia Teguhputri está entre os participantes de The Economy of Francesco

que farão uma longa viagem para estar em Assis em novembro próximo. Ela irá da Austrália, com sua perspectiva e sua experiência de jovem católica. Pessoa de intensa espiritualidade, Natalia vive a dimensão missionária da fé em todas as esferas de sua vida. Ela se sente chamada a se colocar em posição de escuta neste momento de grandes mudanças, para promover a construção de um mundo mais justo.

Natalia tem origem indonésia e muitas paixões: as artes marciais, o canto e o ukulele, os livros e longos passeios de bicicleta. Graduada em economia e comércio, possui experiência profissional nas áreas de contabilidade e finanças. «Atualmente trabalho como analista financeira em uma incorporadora imobiliária. Estou convicta de que economia, fé e missão podem caminhar juntas e por isso comecei a estudar novamente: estou concluindo uma pós-graduação em estudos teológicos na Australian Catholic University com especialização em filantropia e serviços sem fins lucrativos». Em 2015, Natalia fundou o movimento Waterjars. «Simplesmente. Estava no meu escritório e um dia propus e obtive a aprovação do conselho de administração da empresa para a qual trabalho que uma percentagem do lucro anual da nossa empresa fosse destinada para apoiar projetos de desenvolvimento de comunidades em situação deficitária».

A palavra “waterjars” não existe, dizemos a ela. Foi você que a inventou? «Mais ou menos», conta Natalia com seu lindo sorriso. «João 2, 1-12. As Bodas de Caná, o milagre de Jesus que transforma a água (em inglês water) das jarras (jars) em vinho. Sonhamos em repetir o mesmo milagre hoje com o nosso trabalho. Como pequenas jarras de água, somos um instrumento nas mãos de Deus. A água é o nosso trabalho, a Providência transforma o nosso ganho em ajuda concreta aos mais necessitados». Uma providência que Waterjars aprendeu a interceptar graças à colaboração de muitas organizações sem fins lucrativos e outras entidades interessadas em financiar projetos especialmente nas áreas da saúde, educação e novas gerações. «Até agora oferecemos ajuda e subsídios no valor de mais de U$ 300.000,00 australianos». A história de Waterjars é uma história de contaminação positiva. «Afinal, somos “apenas” contadores de histórias», diz Natalia. «Neste nosso compromisso, percebemos que ajudar as pessoas em situação de desigualdade requer um passo fundamental: estar ao lado delas e caminhar juntos. Não se consegue conhecer visão de mundo deles ou suas necessidades a partir de uma mesa de escritório. É preciso descer até a rua. É isso que Waterjars tenta fazer».

Natalia e seus amigos Jim, Claire, Thandi, Henny compartilham a vida das pessoas, que depois compartilham a fim de alcançar as organizações, as fundações, os indivíduos que oferecem ajuda concreta. «Em 2017 voltei à Indonésia para visitar a aldeia de Mbuwu em PaluProv», conta Natalia. «Sendo daquele país, pensei que estava preparada. Comprei as passagens de avião de Melbourne e viajei. Eu me senti tão impotente e derrotada pelo que vi na aldeia: falta de água e saneamento básico. Graças ao Waterjars, conseguimos um financiamento para construir 2 reservatórios de água e 40 banheiros. Na equipe Waterjars, eu cuido da contabilidade, sei todos os números dos projetos, os itens do orçamento. Mas quando encontro as pessoas, toda vez, percebo que não há apenas necessidades que podem ser solucionadas colocando dinheiro e construindo poços ou o que quer que seja. As pessoas em condições de vulnerabilidade econômica frequentemente sofrem por causa daquela sensação de exclusão e rejeição a que são forçadas. No entanto, é forte a necessidade de se sentirem parte do mundo em que vivem, de serem ouvidas e reconhecidas em sua dignidade de homens e mulheres». Invisíveis. Pobres descartados pela história e pela narração da história, diriam alguns. «Esses encontros mudam a vida, e nós comunicamos com o respeito e amor que eles merecem. O apelo do Papa Francisco para sermos promotores de uma mudança que torne a economia de hoje e de amanhã mais justa, inclusiva e sustentável, sem deixar ninguém para trás, foi muito forte para mim. Por isso estarei em Assis».


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