United World Project

Workshop

“Estava feliz por estar vivo”

 
7 setembro 2021   |   , ,
 
Por Michela Micocci- FARE SISTEMA OLTRE L’ACCOGLIENZA

In preparazione alla prossima giornata del migrante e del rifugiato, vi raccontiamo una bella storia di riscatto, riconoscenza e grande fiducia in Calabria, una regione italiana. La rivista Vanity Fair li ha presentati come tre giovani musulmani alle prese con il corpo di Cristo e già questo mette curiosità. Perché la fraternità, quando si concretizza nel calore di una comunità ospitante è capace di andare oltre ogni steccato….

Si chiama S.A.M. la cooperativa dei tre ragazzi migranti che produrrà pasta e ostie in Calabria, nella cittadina di Rogliano (provincia di Cosenza). S.A.M. come le iniziali dei loro nomi: Sadia, Adama e Madi. Tutti e tre hanno lasciato il loro paese di origine in Africa e ciascuno con la propria storia e con le proprie aspirazioni è approdato a questa start up.

Adama – Madi – Sadja

Salvatore Brullo da cooperativa FO.CO., líder do projeto apoiado pela Fondazione con il Sud (Fundação Com o Sul), explica a origem da ideia: “Foi feita uma pesquisa cuidadosa na província de Cosenza: é um território dedicado à produção de massa. A cultura do fabricante de massa lhe pertence”.

O processo foi acompanhado pelo Fare Sistema Oltre l’Accoglienza (Criar Redes além da Acolhida) também com o apoio da Fondazione Con il Sud. A cooperativa foi registrada na Câmara de Comércio, e o próximo passo será alugar um local, instalar o maquinário necessário e encaminhar a comercialização.

Os três jovens empresários vão produzir massas desidratadas com uso exclusivo de grãos de qualidade, destinadas à comercialização principalmente em larga escala. Quem compra o macarrão da cooperativa S.A.M. não compra única e exclusivamente um produto alimentar, mas com esse gesto está aderindo a um projeto de inclusão que faz com que os jovens migrantes se tornem indivíduos ativos na comunidade que os acolheu: “Já não são assistidos pelo Estado, mas são contribuintes”.

Há outro aspecto muito importante que faz parte do projeto dessa start-up. Além do macarrão, os rapazes também vão produzir hóstias. Não se trata de uma escolha aleatória, mas amparada por vários motivos, não só o aspecto econômico. Salvatore Brullo explica: “O mercado de hóstias é atraente. Há uma grande concorrência e também uma grande demanda. O aspecto da integração, por ser um símbolo da religião cristã, é muito forte”.

Por trás do nome da cooperativa – S.A.M. – existem três histórias de migração: Sadia, Adama e Madi chegaram à Itália ainda menores de idade, em 2017.

MADI

O Madi mora em Rogliano (província de Cosenza) no SPRAR[1] para menores “Casa de Ismael”. Ele tem 20 anos e ideias muito claras. A mãe do Madi é médica aposentada e o pai é agricultor. Não foi por razões econômicas que ele deixou a Costa do Marfim: “Eu estava estudando, tinha concluído o ensino médio e queria me matricular na Faculdade de Economia. Foi uma escolha pessoal, de liberdade e independência”.

Para seguir essa índole independente, o Madi deixou a capital da Costa do Marfim há quatro anos e, com alguns amigos, embarcou em uma viagem para a Líbia. Três ou quatro meses depois de ter deixado a Costa do Marfim, ele desembarcou na Sicília, em Catânia. Era menor de idade, portanto, foi acolhido em estruturas reservadas para estrangeiros menores desacompanhados. No verão de 2020, após o término do primeiro e difícil lockdown imposto pela pandemia, ele foi convidado a fazer um curso para fabricantes na produção de massa fresca artesanal. A ideia lhe agradou e ele se mudou para a província de Cosenza. Em maio de 2021, chegou outra proposta que, mais uma vez, reforçou a convicção de que ele fez a escolha certa ao vir para a Itália: tornar-se funcionário sócio da cooperativa: “Espero que isso nos permita uma integração maior. Que possamos nos tornar autônomos. Crescer. Talvez com o tempo possamos até contratar outras pessoas para trabalharem conosco. Seria bom!”. E o que você acha do fato de que está prevista a produção de hóstias?” É algo a mais, que nos permite ampliar a produção”.

SADIA

Era o mês de junho de quatro anos atrás, quando o Sadia desembarcou na Itália. Menor de idade, com apenas 17 anos, deixou o Senegal para trás e passou cerca de 12 meses em prisões na Líbia. Ele saiu dessa situação e começou a trabalhar para levantar o dinheiro necessário para pagar a travessia do Mediterrâneo. O que o moveu foi o desejo de planejar uma vida melhor para si: “Eu disse a mim mesmo: vou para mudar a minha vida e a vida da minha irmã”. Depois de pagar os contrabandistas, ele e alguns de seus amigos apresentaram-se no horário marcado para a partida, à noite, na praia. O barco começou a navegar. Mas depois de apenas um quilômetro tiveram que voltar para a Líbia. Naquele barco não nem uma luz, impossível ir pelo mar naquelas condições. Tentaram novamente vinte e quatro horas depois: zarparam à meia-noite e às sete da manhã estavam diante da costa da Calábria. Eles foram colocados em um navio que tinha ido socorrê-los. Sadia, então menor, foi transferido para o centro de acolhida para menores, a “Casa de Ismael”, em Rogliano, na província de Cosenza. Foram com ele cerca de quinze rapazes. Foi aqui que ele se tornou um adulto. Em 2019, tendo se tornado maior há pouco tempo, foi acolhido primeiramente no SPRAR “Estradas de Casa”, em Rovito, e depois, a partir de outubro de 2019, foi incluído no projeto do Programa Migrantes da Arquidiocese de Cosenza “Amplie o espaço de sua barraca”, financiado pela campanha da CEI[2] “Livres para partir, livres para ficar”. Trata-se de um projeto que apoia os jovens em termos de habitação e formação, e os acompanha na inserção no mercado de trabalho. O curso para produzir massa fresca que o Sadia frequentou no verão de 2020 fez parte desse caminho. Mas esta foi apenas uma peça de um mosaico maior, porque o senegalês de 21 anos, entretanto, realizou outras – importantes – etapas: ele se formou na oitava série, fez dois estágios (em uma tipografia e em uma fábrica de massas), trabalhou como assistente de cozinheiro. Agora ele mora em um apartamento com alguns amigos.

ADAMA

“Para ter um futuro é preciso primeiramente ter um presente, e o presente só pode ser o trabalho”. Quem responde a uma pergunta sobre os sonhos e o futuro é o jovem Adama, senegalês de 21 anos, um dos três jovens trabalhadores da cooperativa S.A.M.

Adama nasceu em 13 de março de 2000 e até quatro anos atrás morava na cidade de Tambacounda, no leste do Senegal, onde estudava e trabalhava no campo: “Não planejava vir para a Itália. Eu não pensava nisso. Comecei a viajar sem um motivo específico e fiquei na Argélia por sete-oito meses porque tinha arranjado trabalho numa fábrica”. Mas então os amigos com quem havia saído do Senegal decidiram retomar a estrada, e ele, para não ficar sozinho, seguiu-os até que atravessaram a fronteira da Líbia. Felizmente, Adama não fez a experiência do cárcere terrível da Líbia, como costuma acontecer com muitos migrantes antes de deixar a África. No entanto, como todos, o Adama também pagou para entrar em um barco que o levou a atravessar o Mediterrâneo. A embarcação não era grande e tinha cerca de 150 jovens, algumas menores. Às três da manhã começou a navegação. Era verão e o mar estava calmo. Ao amanhecer, apertados no barco, sem água para beber e com o sol a pino, o calor e a sede se tornaram insuportáveis: “Não sabia que era tão difícil. Pensei que com uma ou duas horas de viagem teríamos chegado à Itália”.

Durante uma semana após o desembarque, o Adama foi acolhido numa estrutura provisória montada num campo de voleibol, mas “estava feliz por estar vivo; nem todos conseguem chegar vivos”. Depois, com os outros menores, ele foi transferido para Rogliano, na SPRAR “Casa de Ismael”. Estudou e aprendeu a falar italiano. Já maior de idade, Adama, assim como Sadia, continuou seu caminho rumo à autonomia no SPRAR para adultos “Estradas de casa”, em Rovito, e a partir de outubro do mesmo ano entrou para o projeto do Programa Migrantes da Arquidiocese de Cosenza “Amplie o espaço de sua barraca”. Graças a isso, ele passou a ser acompanhado para dar alguns passos importantes, como alugar um apartamento em Cosenza; a gestão das contas e das despesas, que não estava acostumado a fazer; os turnos de cozinha para preparar almoço e jantar. Enfim, uma vida independente. Você acha que será bem recebido na cooperativa? Pode haver problemas de racismo? “Não sei. Eu sigo meu caminho. O racismo existe no mundo todo, mas nunca tive problemas”.

[1] SPRAR – sistema de proteção a requerentes de asilo e refugiados: é o modelo de referência na Itália no acolhimento de requerentes e titulares de proteção internacional, que visa o enfrentamento do fenômeno migratório devido às persistentes situações de conflito armado, crise e instabilidade político-econômica presentes em muitos países do continente africano e do Oriente Médio.

[2] CEI: Conferência Episcopal Italiana.


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