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Viagem do Med25 Bel Espoir: 8 meses e 200 jovens nas águas do Mediterrâneo

 
18 novembro 2025   |   Mediterrâneo, Inclusão social, Bel Espoir
 
Bel Espoir
Bel Espoir

História da viagem realizada no navio Med25Bel Espoir, pelo Mediterrâneo, da primavera ao outono de 2025. Entre os testemunhos, há também o de Carlos Palma, fundador de Living Peace, e de Ikram, embaixador da paz na Argélia.

Uma história de esperança, diálogo e encontro, nesses meses difíceis, perpassou o Mediterrâneo: aquele mar entre a África e a Europa que facilmente se torna um muro, que é atravessado por barcos de pessoas frágeis, necessitadas, desesperadas. Um muro horizontal, feito de água, mas ainda assim um muro. Ao invés disso, o Mediterrâneo pode ser – e deve ser – uma grande ponte.

Essa história de esperança, beleza, fraternidade e unidade, de tempo passado juntos entre diversidades que se conversam, chama-se Med25 Bel Espoir e tem a forma de um navio: uma escuna de três mastros dos anos 1940, com 29 metros de comprimento, que é especial, maravilhosa, alegre, porque – acima de tudo – é também uma escola. Uma escola preciosa para a paz!

Bel Espoir - Foto Lupe Belmonte
Bel Espoir – Foto Lupe Belmonte

Portos, cidades, jovens e muitos temas debatidos

A viagem do Bel Espoir durou 8 meses: de março a outubro de 2025. Foram 240 dias em que esse barco da paz acolheu 200 jovens de vários lugares do mundo, atracando em trinta portos do Mediterrâneo (Barcelona, Palermo, Valeta, Nicósia, Istambul, Durres, Ravenna, Nápoles, Marselha, além de outros) e conectando cinco margens desse mar que pode dividir, como acontece, mas que é capaz de unir. E como tal deve ser vivido, concebido, transformado, defendido.

Partindo de Barcelona, o Med25 Bel Espoir enfrentou as ondas para combater todas as guerras. A bordo, foram abordados vários temas, incluídos nos seguintes títulos: “O diálogo das culturas”, “Educação e sociedade”, “As mulheres do Mediterrâneo”, “Religiões em diálogo”, “Meio ambiente e desenvolvimento”, “Desafios migratórios”, “Cristianismo oriental e ocidental”, “Construção da paz”.

Entre uma etapa e outra, os jovens desembarcaram para encontros e debates, podendo conhecer realidades e histórias diferentes, enriquecendo-se e aprendendo o valor da diversidade e das nuances que caracterizam essa criatura única que é o ser humano.

Bel Espoir
Bel Espoir

Um vídeo com a fala do Papa conta a beleza do Bel Espoir

A viagem do Bel Espoir incluiu jovens embaixadores da paz de Living Peace e do Movimento dos Focolares. De forma geral, oito grupos de jovens se revezaram: vinte e cinco de cada vez, de diferentes nacionalidades, línguas, etnias, culturas e religiões. Todos comprometidos com a paz.

Entre os jovens que entraram no Bel Espoir estavam Bertha, do Líbano, cujo testemunho foi transmitido em um artigo anterior, e Majdi, da Palestina, cujas memórias foram recentemente comunicadas em uma entrevista.

Uma amostra do que foi a viagem do Med25 Bel Espoir é oferecida por um vídeo maravilhoso, disponível aqui.

O vídeo resume, em poucos minutos encantadores, densos e emocionantes, toda a beleza dessa experiência. As imagens do Bel Espoir no mar são entremeadas pelas palavras do Papa Leão XIV, expressas durante o Jubileu das Igrejas Orientais. São palavras de paz: «A guerra nunca é inevitável», diz ele, «os povos querem a paz: vamos nos encontrar, dialogar, negociar».

O Papa Leão subiu a bordo do navio Espoir, no dia 17 de outubro, no porto de Óstia, acrescentando outras palavras de paz e prestando homenagem, com sua presença, a essa história extraordinária.

Bel Espoir
Bel Espoir

Palavras de Carlos Palma sobre o Bel Espoir

Carlos Palma, fundador de Living Peace, também esteve no Bel Espoir em junho. Depois de ver o vídeo, há poucos dias, «com os olhos cheios de lágrimas pela emoção do que viveram juntos», ele sentiu «a necessidade de partilhar o que aquelas imagens despertaram» nele.

«Como todos aqueles jovens do Mediterrâneo», explicou Carlos, «vivi uma experiência única e transformadora, que nos uniu no coração e na alma». E acrescentou que «além da idade, da religião ou da cultura, descobrimos que somos irmãos e irmãs e – com um novo olhar – reconhecemos o imenso tesouro que cada um carrega no próprio coração, sentindo-se chamado a ser uma presença de paz e de fraternidade no Mediterrâneo e onde quer que Deus nos conduza».

Carlos Palma acrescentou: «Fomos protagonistas de uma experiência completamente nova, extraordinariamente bela e poderosa, e agora que estamos geograficamente distantes, sinto que o nosso compromisso cotidiano, tanto nas pequenas coisas como nas grandes, será uma contínua peregrinação de esperança, juntos, tornando-nos capazes de gerar a paz em muitos corações».

«Provavelmente não seremos nós a encontrar uma solução diplomática capaz de acabar com todas as guerras e conflitos», concluiu Carlos Palma, «mas podemos contribuir para gerar aquela paz interior capaz de transformar tudo aquilo que nos rodeia, e é precisamente isso que o nosso Carisma, também por meio de Living Peace, convida a viver:  continuar a ser instrumentos de paz para o nosso Mediterrâneo e para o mundo».

Carlos Palma
Carlos Palma

Ikram também se lembra da experiência no Bel Espoir

Ikram, uma jovem embaixadora da paz da Argélia, esteve no Med25 Bel Espoir e também ela, como Bertha, Majdi e Carlos Palma, quis oferecer algumas palavras sobre essa aventura extraordinária, cheia de significado: «Eu também sinto uma gratidão imensa pela aventura que vivemos juntos com o Med25. Tive o privilégio de participar da segunda sessão, entre Palermo e Bizerte» – especificou – «a bordo do Bel Espoir, abordando o tema “Educação e Sociedade”».

«Foi uma experiência profundamente humana e espiritual», continuou Ikram. «A bordo, compartilhamos muito mais do que apenas uma viagem marítima: foi uma verdadeira jornada de transformação interior. Cada pessoa, com a própria história, cultura e fé, contribuiu para criar um clima de escuta, confiança e unidade. Descobri que o encontro, o diálogo e a vida simples compartilhada podem se tornar uma verdadeira escola de paz.»

«Alguns meses depois, tive a graça de participar da sessão-piloto», acrescentou Ikram em seu discurso, «dois dias antes da Armada pela Paz. Foi um tempo curto, mas intenso, marcado pela preparação, pela reflexão e por um profundo sentimento de alegria. Já sentíamos que algo, maior do que nós, estava nascendo: uma fraternidade mediterrânea, tecida por rostos, culturas e esperanças compartilhadas.»

Ikram também lembrou a alegria final de receber «o Bel Espoir para a oitava e última sessão. Saímos em pequenos barcos para encontrá-lo e navegarmos juntos pela última vez. Aquele momento foi um símbolo poderoso para mim: o fim de uma viagem, mas também o início de uma missão, o chamado a continuar, cada um à sua maneira, a sermos portadores de paz e fraternidade onde quer que a vida nos leve».

As palavras de Ikram se concluem com a lição aprendida com a aventura no Bel Espoir: «Dessas duas experiências, trago no coração uma profunda convicção:  a paz não nasce de grandes discursos, mas de encontros vividos, de partilhas sinceras e dos laços de confiança que construímos entre nós. Ainda hoje sinto que o Med25 continua a viver dentro de nós, em nossas escolhas diárias, na forma como acolhemos os outros e no desejo de fazer do Mediterrâneo um verdadeiro espaço de paz e fraternidade universal».

Bel Espoir

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