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Crise histórica de violência no México: “Sinergia pela paz” como resposta coletiva

Por Paolo Balduzzi e Juan Medeiros
A crescente violência no México deu origem à “Sinergia pela Paz”, uma iniciativa que une mais de 30 organizações civis e religiosas, afim de encontrar soluções pacíficas e justas. Até assinaram um documento para promover novos horizontes.
O México enfrenta, agora, algo que provavelmente é a pior crise de violência de sua história contemporânea. Quase 18 anos após o início, a gravidade dessa crise transcende as esferas da política, da saúde pública, da educação pública, da economia e do meio ambiente. Quem nos fala é Juan José Medeiros, mexicano, que faz parte de uma das comunidades do Movimento dos Focolares. “Embora o México esteja passando por um momento muito difícil” – diz ele – “não perde a sua vocação original à paz e à fraternidade”.

Sua história se mescla com as notícias que chegam pontualmente também dos meios de comunicação, que confirmam essa preocupação. Existem regiões, por exemplo, na fronteira com os Estados Unidos, em que a pobreza e a violência são o “contexto natural” em que os jovens são forçados a crescer e, portanto, no qual as novas gerações são formadas.
O que a realidade de hoje nos diz sobre o México?
«A realidade que vivemos hoje em nosso país nos obriga a refletir sobre a dimensão cultural e seus efeitos na identidade mexicana. Perguntamo-nos: que país é esse que se habituou à morte cotidiana, à corrupção, à impunidade e ao fracasso das suas instituições? Como alguém se torna, nesta sociedade que tolera e se resigna ao medo, ao egoísmo e à indolência?»
E qual foi a resposta de vocês?
«Nós estamos dando a resposta, também como comunidade do Movimento dos Focolares, ao lado de toda a Igreja, das instituições civis, que têm no coração o futuro do país. Pensamos que, após uma série de assassinatos na Serra Tarahumara, em 2022, a Conferência Episcopal Mexicana, a Conferência dos Superiores Maiores dos Religiosos do México e a Província Mexicana da Companhia de Jesus decidiram empreender um processo chamado “Diálogo Nacional pela Paz”, a fim de identificar pistas de atuação na construção da paz, reunindo uma ampla variedade de atores da esperança e da escuta. É um começo.»
Quem são esses “atores” e que método de trabalho eles adotaram?
«São mais de 30 organizações da sociedade civil e eclesial, de vários tipos, que se reuniram imediatamente, quase em concomitância com aqueles assassinatos, para refletir sobre como construir a paz, que deve ser edificada sobre a consciência de que somos todos irmãos e irmãs. Assim nasceu o Movimento “Sinergia pela Paz”, que alimentou o processo de diálogo pela paz, na tentativa de entender melhor como a falta de paz é vivida e enfrentada em nossas comunidades e pelas realidades dos vários grupos sociais. Além disso, a redação coletiva de um documento especial é um convite a todos os habitantes do México a trabalharem em favor da paz e da justiça: são processos e esforços que acontecem simultaneamente em vários setores, em nível local e nacional.»
Você pode nos dar um exemplo de como esses esforços estão ajudando o México a recuperar a paz?
«Há uma seção do documento que propõe uma profunda mudança de consciência, passando de uma cultura da violência para uma cultura do “cuidar”; recuperar o valor da vida, da dignidade humana e da fraternidade. Propõe a construção de novos horizontes embasados na solidariedade comunitária e a restauração de laços de confiança e de colaboração, tanto entre as pessoas quanto entre as suas instituições».